Qual o futuro da realidade aumentada e como preparar-se para tal?
Enquanto que para muitos hotéis a realidade aumentada (RA) não está propriamente a um passo de alcance, o que é facto, é que tal realidade se encontra definitivamente a caminho. Marcas inovadoras e empresas digitais estão a desenvolver soluções vanguardistas e criativas de RA que dão vida à experiência de viagem.
A realidade aumentada tem imenso para oferecer aos hotéis, desde o fornecimento de uma experiência totalmente imersiva, até aos serviços de assistência aos hóspedes e inúmeras oportunidades de otimização do comércio. Já existem exemplos de marcas que implantam a realidade aumentada em hotéis, adotando diferentes formas e abordagens.
Antes de mais, é importante compreender de que modo funciona a realidade aumentada, como pode ser implementada em hotéis e de que forma já está a gerar um impacto imediato.
Em que consiste a Realidade Aumentada?
A RA fornece experiências digitais interativas e altamente visuais de locais físicos, utilizando dispositivos móveis, smartphones e headsets.
Não confundir com a Realidade Virtual (RV), que se trata de uma experiência totalmente virtual que reproduz o mundo real online. Por sua vez na RA, há uma fusão do mundo físico com o mundo digital, visando a otimização total dos ambientes e experiências do mundo real.
A RA surge pela primeira vez na sua forma inicial em 1968, como o primeiro sistema HMD (Head-Mounted Display). O termo Realidade Aumentada surgiu há pouco mais de 30 anos nas unidades fabris de Boeing. A aplicação mais popular e reconhecida de RA emergiu com o lançamento do Pokemon Go em 2016, que levou à implementação de aplicações reais da tecnologia no quotidiano.
Qual a importância da realidade aumentada nos hotéis?
Tal como acima mencionado, a realidade aumentada pode aprimorar a experiência, aprofundando a ligação entre o hóspede e a marca do hotel. Numa primeira análise, propicia mais pontos de contacto digitais e acrescenta um elemento de surpresa e deleite subjacente à novidade que a RA já por si oferece, excedendo as expectativas dos hóspedes.
Como constataremos em algumas das aplicações já existentes de RA, os hotéis estão a maximizar a satisfação dos hóspedes, ao mesmo tempo que usufruem de novas oportunidades de receitas.
Qual o potencial da RA aplicada à hotelaria?
Exploração do local – Onde quer que o hóspede se encontre na área local, com a utilização de uma câmara fotográfica de um dispositivo móvel, a RA oferece apoio imediato à navegação, identificando locais de interesse e fornecendo direções visuais. Através da lente da câmara, a RA apresentará o parque de estacionamento ou o café mais próximos, as instalações sanitárias ou centro de informação turística do local. Sem a necessidade de digitalizar códigos QR, os hóspedes podem explorar a localidade – aprendendo a vertente histórica, descobrindo locais de interesse e recebendo acesso imediato a todo o tipo de informações, como avaliações e comentários, preços, acessibilidade, etc. Tudo isto com apenas um simples passo: apontando o telemóvel para um ponto específico.
Descoberta de propriedades – Desde a exploração da localidade, à ajuda facultada aos hóspedes, visando uma melhor perceção sobre a oferta hoteleira existente, apenas com um simples direcionar dos telemóveis ser-lhes-á disponibilizada mais informação relativa aos serviços e amenities disponíveis. Os seus hóspedes podem descobrir a história, obter indicações visuais sobre amenities do hotel, ou até aceder e efetuar reservas. Trata-se de uma forma privilegiada de criar ligações com o hóspede, proporcionando experiências digitais interativas intrinsecamente relacionadas com a sua propriedade. Tudo se torna possível: desde pormenores sobre história e lendas ancestrais, informação sobre serviços, ou até mesmo detalhes sobre mobiliário e design que podem alimentar o interesse e ideias de design de interiores dos seus hóspedes.
Interação com o quarto – Através da RA, os hóspedes podem interagir de forma mais diversificada e imersiva com os seus quartos, descobrindo qualquer característica, mesmo as mais discretas, bem como poderão aceder aos respetivos comandos. Como veremos mais abaixo, também proporciona o próprio acesso aos quartos!
Comunicação – A RA pode desempenhar um papel fundamental ao ajudar hóspedes a comunicar com o pessoal e a realizar pedidos específicos. A tradução em tempo real, seja filmando o menu, digitalizando quadros de informação, ou até mesmo ao solicitar serviços, pode-se processar na sua própria língua nativa, sem a preocupação de se perder em traduções.
Gamificação – Os hotéis podem proporcionar entretenimento, envolvendo os seus visitantes em jogos baseados em RA, tal como Pokemon Go nas suas propriedades. Poderá incluir caças ao tesouro, corridas, quizzes, com a possibilidade de conectar-se até com outros dispositivos IoT (Internet Of Things) nos arredores do hotel para acrescentar uma dimensão interativa adicional à experiência.
Tecnologia Beacon – Ao utilizar aplicações baseadas em Bluetooth, pode envolver-se com hóspedes que se encontram em determinados locais, ao redor da propriedade. Tal pode incluir a oferta de promoções, descontos de última hora, ou providenciar a emissão de alertas de emergência.
Como é que a RA é atualmente utilizada nos hotéis?
Os Hotéis Starwood têm vindo a tirar partido da tecnologia beacon para comunicar com os hóspedes, bem como para enviar chaves virtuais utilizadas para desbloquear quartos, através do telemóvel do hóspede. Tal pode ainda propiciar uma vasta disponibilização de informações para o hóspede, tais como a localização do ginásio e possibilitar acesso em horários e dias específicos, a partir dos seus telemóveis.
Holiday Inn tem utilizado a RA para uma funcionalidade que permite aos hóspedes apontar os seus smartphones para ver representações virtuais de celebridades famosas no hotel, proporcionando uma experiência interativa inovadora e divertida, enquanto se encontram na propriedade.
Premier Inn desenvolveu um primeiro envolvimento com RA desde muito cedo, em 2014, fornecendo quartos com mapas que permitiam aos hóspedes apontar os seus smartphones para o local pretendido no mapa, a fim de receber informações sobre os pontos de atração mais próximos.
Hôtel des Arts Saigon lançou uma aplicação móvel empoderada pela RA, que inclui uma visita virtual de 360° e detalhes sobre a gama de amenities e atrações disponíveis.
Neste segmento, Marriott Hotels aplica a RA numa página impressa em parceria com a revista Wired. No seu anúncio impresso, os leitores podem digitalizar a página através dos telemóveis e dar vida ao anúncio para descobrir os lobbies redesenhados pela marca e diversas inovações tecnológicas.
O futuro da RA
Embora a RA esteja, de facto, no horizonte, levará algum tempo até que seja amplamente implantada na hotelaria. Será de mencionar que os próprios principais fornecedores de tecnologia estão a enfrentar dificuldades quanto à colocação de produtos de RA viáveis no mercado – senão vejamos o suposto “sucesso” do Google Glasses.
A forma de envolvimento digital, Web 3.0 e o metaverso apontam todos numa só direção – as nossas experiências do mundo real colidirão com o mundo virtual, visando proporcionar uma existência híbrida que oferece um nível mais profundo de ligação e interação.
Não obstante, no que concerne à aplicação da realidade aumentada nos hotéis – estamos num momento de observação e teste de implantação da RA em cenários fixos e limitados, até que as plataformas, software e tecnologia em questão, tenham a capacidade para viabilizar todo o processamento necessário subjacente a esta promissora realidade.